sábado, 29 de maio de 2010

Capitania de Pernambuco



A denominação “Estado de Pernambuco” como conhecemos hoje é nova. Na fase correspondente ao “descobrimento” até o final do Brasil colônia foi chamada de “Capitania de Nova Lusitânia”. Só mais tarde “Capitania de Pernambuco”, após a “independência”, denominada de “Província de Pernambuco” e posteriormente com a proclamação da republica veio a se chamar de “Estado de Pernambuco”, como hoje o conhecemos. Mas o que nos interessa nesse texto não são as nomenclaturas e sim sua importância para a recém descoberta colônia portuguesa na América, ou seja, discutiremos aqui a importância econômica da província para a coroa portuguesa.
 
Como sabemos e aprendemos desde cedo na escola, às únicas capitanias que atenderam aos objetivos da coroa portuguesa foram Pernambuco e São Vicente, infelizmente para o desgosto dos que aqui vieram extrair nossas riquezas as outras capitanias não prosperaram tanto quanto as duas já citadas acima. Tal ascensão dessas outras doze capitanias não se deu por vários motivos, dentre eles o desinteresse, incompetência de gerência dos donatários, falta de recursos e outros fatores como extensos territórios impossíveis de serem cultivados e/ou policiados. Tinha também a resistência dos povos indígenas, pois, estudos recentes afirmam que os nativos brasileiros não ficaram tão omissos a pilhagem e invasão portuguesa. Alguns se aliaram e tombaram cedo, mas outras tribos resistiram bravamente. É um erro só pensar a história a partir do ponto de vista dos “vencedores” e do que se foi escrito, sabemos também que nas entre linhas da história oficial existe a história dos “vencidos” que não deixa de ter sua credibilidade histórica.
 
Aqui em Pernambuco, por exemplo, Duarte Coelho teve que fazer aliança com os Tabajaras, pois, portugueses e Tabajaras tinham um inimigo em comum, a tribo dos Caetés. Enquanto os Caetés lutavam para não perder seu território de caça, pesca e plantio, os Tabajaras se aliavam aos portugueses para combater um inimigo histórico, ou seja, essa relação de explorado (índios) e Exploradores (europeus) não era tão dicotômica assim como vemos na maioria dos livros, mas voltando ao assunto capitania...
 
De 1500 a 1534 a “Terra de Santa Cruz” não tinha nenhuma serventia para a coroa. Em 1930 a situação muda, o rei decide investir e começa a explorar o Pau-Brasil, árvore muito apreciada na Europa, pois dela se extraia uma boa madeira e um corante vermelho. Para o azar do Pau-Brasil, a cor vermelha estava em alta no velho mundo. Em 1534 Dom João III (o então rei de Portugal) nomeia 12 donatários e divide a colônia em quinze porções. A idéia era controlar/defender o território e fazer também com que o mesmo produzisse para o reino. Tais terras eram doadas a figuras ilustríssimas da sociedade portuguesa e cabia a elas a responsabilidade de defender e produzir na sua capitania, após a morte dos donatários a responsabilidade de gerir a capitania era passada para o herdeiro homem mais velho, apesar dos donatários terem poder sobre as terras e leis das suas respectivas capitanias, o território era propriedade da coroa. A capitania de Pernambuco foi “doada” a Duarte Coelho e blá, blá, blá...Essa estória estamos cansados de saber, em quase todo livro didático tem! 
 
Indo ao que realmente interessa e explicando economicamente porque a capitania de Pernambuco foi importante para a coroa portuguesa na época da colônia, temos como exemplo não só o já falado Pau-Brasil, como principalmente a implantação da cana-de-açúcar em nossas terras. Com um solo propício para o cultivo (terra vermelha também conhecida como solo massapé, riquíssima em nutrientes), Pernambuco foi visto com bons olhos para o cultivo de tal planta tão valorizada na época (século XVI e XVII). Cultivada basicamente por escravos negros, já que os “índios” se rebelaram com tal sistema explorador de trabalho. Entretanto, como na África alguns povos eram “acostumados” pós-derrota militar, se tornarem escravos dos vitoriosos, foi mais fácil colocá-los na labuta exploratória. O cultivo da cana a principio aconteceu no espaço territorial que hoje conhecemos como Zona da Mata (que de mata atualmente não tem mais quase nada) e Litoral, porque no referente ao agreste e sertão a cultura econômica predominante foi à criação de gado, o que por sinal ajudou a expansão territorial da capitania além de resolver o problema de alimentação da população litorânea.
 
Ao chegar à capitania em 1535 trazendo sua esposa e várias outras pessoas, Duarte coelho mandou ergui a igreja de São Cosme e Damião, por sinal a primeira igreja “brasileira”. Fundou também uma vila chamada de Igarassu, primeiro agrupamento de construções na colônia. Fixou residência em Olinda, passando assim a ser a capital de Pernambuco, em 1587 já havia mais de 60 engenhos na capitania. 
 
Mas enquanto as capitanias de São Vicente e Pernambuco economicamente iam de vento em poupa, as outras se atolavam mais e mais em dividas, isso fez com que a coroa tomasse uma decisão, se fazia necessário a intervenção imediata e o controle em forma da centralização de poder, isso não quer dizer que as capitanias acabariam de fato após a promulgação do decreto assinado pelo Marquês de Pombal em 1759. As capitanias de Pernambuco e São Vicente continuaram por algum tempo “independentes”, até serem anexadas ao poder centralizador da coroa, pois era muito ariscado deixá-las independentes e sem uma mínima vigilância e controle.

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