Nesse pequeno artigo escreverei sobre o Coco, desde sua origem aos dias atuais, lembrando dentro deste contexto, seus mestres e mestras que ao longo dos anos (com muito sacrifício e labuta) divulgam o ritmo. Pois bem, no que diz respeito a sua origem, alguns estudiosos, historiadores e folcloristas em suas teses divergem entre si. Alguns defendem a idéia de que o Coco surgiu a principio nos engenhos interioranos e só a posteriori chega ao litoral. Outros acreditam que seu surgimento se dá na própria região do litoral. Entretanto há uma terceira hipótese, nela, acredita-se que o Coco já teria vindo do continente Africano, através das tribos de origem Banto (habitantes da região hoje conhecida por Congo e Angola).
Não só a origem como também a diversidade rítmica do Coco são multifacetadas, dependendo da região o Coco sofre alterações rítmicas como também mudança no que diz respeito à nomenclatura e até mesmo nos instrumentos usados. Ou seja, no Coco há várias versões e inúmeras maneiras de executa-lo. A exemplo podemos citar as variações: Rítmicas - Coco de Ganzá, Coco de Zambê e Coco de Mungonguê. Métrica dos versos - Coco Agalopado, Coco de Sétima e Coco de Embolada. Dependendo do local também recebe vários nomes: Coco de Roda, Coco do Sertão, Coco de Praia, Catolé, Toré, de Umbigada, de Desafio, etc. Apesar das variações nos quesitos métrica, ritmo e espaço geográfico; A pisada (ritmo) não sofre consideráveis alterações ao ponto de não conseguirmos decifrar a música tocada, pois quando se vê uma roda de Coco é impossível não saber que ritmo tão peculiar é aquele.
Até então, vimos que o Coco é um ritmo que sofre pequenas alterações, mas não precisamos nos preocupar, pois Coco é Coco em qualquer lugar, independente do nome que lhe é atribuído: De roda, de umbigada, do sertão ou da praia, tanto faz, até porque, o que nos interessa é a musicalidade do ritmo e não a epistemologia. Por falar em influência, não podemos negar nunca quais foram as influencias obtidas e anexadas ao Coco. Dentre as principais influências estão à africana e a indígena. Do lado Africano temos o ritmo propriamente dito, os tambores e chocalhos tocados em 2/2 e/ou 2/4 e cantados na forma refrão-estrofe. Na influencia indígena, temos a questão estética do grupo, ou seja, a maneira dos participantes posicionarem-se, que é em fileira ou em forma de roda. As influências do Coco, como eu já disse, são incontestáveis, como também é inegável sua origem Nordestina. Se todo estudo a respeito de um tema gera diversas teorias, com o Coco acontece o mesmo. Alguns pesquisadores acreditam que o ritmo é Pernambucano, outros acreditam ser Paraibano e há ainda um terceiro grupo que acredita que o Coco tenha surgido em Alagoas. Por ser um ritmo tipicamente Brasileiro e consequentemente Nordestino, cada um dos três estados o “querem” pra si, já que acima de tudo é um signo de afirmação de identidade regional.
Nas teorias lançadas para tentar explicar a origem do Coco, há exemplos e argumentos bem elaborados e sucintos. Um desses diz que o Coco é originário do quilombo dos Palmares. Os ex-escravos alojados no quilombo usavam o fruto coco para auto-sustentação e o quebravam a fim não só de extrair sua água e polpa, como também trabalhar (esculpir ou moldar) utensílios domésticos, tais como colheres, conchas, pratos, ponta de lanças, esculturas, etc. Durante o trabalho de quebrar o fruto, cantarolavam e alguns até dançavam. A teoria do interior diz que Coco surge a partir do momento em que trabalhadores se juntam em mutirões para bater o barro dos pisos das casas, pois, naquela época era comum entre a população mais carente, casas de piso de barro batido. De uma forma ou de outra, podemos concluir que o Coco surge do povo, ou seja, é uma dança popular. Com o tempo foi ganhando mais adeptos e seu período áureo se dá do começo dos anos 50 até o final dos 60, nessa época o Coco chegou a ser dançado em salões por pessoas de maior porte econômico. Após os anos 60 o Baião e o Samba ganham maior notoriedade e o Coco consequentemente perde espaço no cenário popular nacional.
O Coco pode ser dançado por homens e mulheres (exceto o coco de desafio, dançado só por homens) e em qualquer época do ano, ou seja, não há época especifica para se dançar Coco, porém há uma tradição maior no período junino. Apesar de ser uma dança laica e lúdica, o Coco é executado geralmente em festas religiosas: Festas de Reis ou de padroeiros como São José, São João, São Bendito, etc. No Nordeste há duas cidades conhecidas por difundir o Coco. Arcoverde, em Pernambuco e outrora, Campina Grande na Paraíba. Em Arcoverde ainda há um movimento organizado que trabalha no “resgate”, execução e divulgação do Coco. Movimento esse começado por Lula Calixto e continuado pelo grupo Coco Raízes de Arcoverde, além de outros grupos menos conhecidos. Tal empenho gera frutos, a banda Cordel do Fogo Encantado sem duvida é influenciada pelo ritmo. A vertente mais executada na região é o Coco de Toré e de Umbigada. Na Paraíba a cidade embaixadora do Coco é Campina Grande. Foi em Campina que o filho de Dona Flora Mourão, José Gomes Filho (mais conhecido como Jackson do Pandeiro), um Paraibano de Alagoa Grande, escolheu para divulgar o Coco de Embolada. Hoje na cidade ainda há um movimento considerável, mas “meio” esquecido pelo poder publico. Alguns nomes como Baixinho do Pandeiro, Benedito do Rojão e Biliu de Campina carregam (praticamente) “nas costas” a tradição do folguedo quase sem nenhum apoio. Enquanto isso, a cada São João a cultura de massa “chuta pra escanteio” a cultura popular.
No que diz respeito à métrica do ritmo e sua execução. Geralmente o Coco é tirado (cantado) por um mestre ou mestra coquista. Ao puxar (começar) os versos, o (a) coqueiro (a) é respondido pelo coro (demais integrantes da roda de Coco). Os versos podem ser já conhecidos ou de improviso como no Coco de Embolada. Os instrumentos, independente da nomenclatura do Coco, são praticamente os mesmos: Triangulo, Ganzá, Surdo, Zambê, Zabumba, Caracaxá, Mongonguê, Cuíca, Alfaia, Pandeiro, e, o instrumento mais importante de todos, os Tamancos! São as sandálias de madeira e couro que dão autenticidade e legitimidade ao ritmo. Os tamancos dos (as) dançarinos (as) juntamente com as palmas fazem a marcação rítmica do Coco. A batida principal são três marcações fortes com o pé direito e uma mais fraca com o pé esquerdo, dependendo do Coco, as marcações são outras. Existem marcações mais rápidas e outras mais lentas. Como já disse, depende do Coco (de Roda, Embolada, Desafio...) e da região (PE-PB-AL...).
feito pelo povo e também uma dança feita para o povo. O Coco é a integração entre os mais diferenciados setores sociais da comunidade englobando qualquer tipo de brincante. No coco não há distinção alguma, todo mundo brinca independente do gênero, da raça, da crença ou condição financeira. Algumas artistas são “canonizados” na arte do Coco, pessoas como Flora Mourão, Jackson do Pandeiro, Lula Calixto, Bezerra da Silva, Selma do Coco, Lia de Itamaracá e Zé Neguinho do Coco. Inúmeros nomes (nordestinos ou não) da MPB (Musica Popular Brasileira) sofreram e sofrem influência do Coco. Nomes como Alceu Valença, Gilberto Gil, Gal Costa, Os Paralamas do Sucesso, Fagner, Chico Buarque, Zeca Pagodinho, Fernanda Abreu, Gabriel o Pensador, Domingunhos, Sivuca, Zé Ramalho, Renata Arruda, Elba Ramalho entre outros. A própria cena Mangue através de suas bandas também beberam da água musical do Coco, bandas, cantores e cantoras como Chico Science & Nação Zumbi, Otto, Silvério Pessoa, Ortinho, Comadre Fulorzinha, Escurinho, Issar França, Cascabulho, Khrystal, Alessandra Leão e Lenine.
Referencias Bibliográficas:
BRINCANTES. Recife: Prefeitura da Cidade, Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2000. p. 104-107.
RIBEIRO, José. Brasil no folclore. Rio de Janeiro: Gráfica e Editora Aurora, 1970. p. 403-404.
Nova História da MPB. 2ª Edição. 1977. Ed. Abril Cultural
Já que andei falando muito de ritmos Pernambucanos do interior, resolvi dá uma esticadinha até o litoral e falar dessa vez de uma dança muito popular nas praias do litoral Pernambucano. Pois bem, a Ciranda é uma dança muito conhecida não só em Olinda, Recife e Itamaracá como também em outras bandas do país. No que diz respeito à ciranda só tenho a acrescentar elogios, pois, é com uma boa ciranda que se espanta a tristeza. Além de ser um ritmo eclético, pois engloba todo e qualquer tipo de pessoa sem distinção alguma, independente de raça, status social, sexualidade, idade ou credo. Engana-se quem pensa que dançar Ciranda não é prazeroso pelo fato de ser uma dança simples, ao contrário. Quando se dança Ciranda se volta no tempo e se relembra as brincadeiras de infância que o tempo teima em nos fazer esquecer. A Ciranda não tem como finalidade só relembrar o passado, também serve para cultivar amizades presentes, pois, quando se está dançando Ciranda todo mundo é amigo e não existe competição.
Uma das teorias do surgimento da Ciranda é a de que a mesma foi criada pelas mulheres dos pescadores no intuito de distrair seus filhos enquanto seus maridos não chegavam da pesca em alto mar. Outra teoria é que a Ciranda foi criada pelos mouros e vinda pra cá trazida pelos portugueses. Pessoalmente acredito na primeira versão, pois é mais plausível aceitar que a brincadeira de criança virou também brincadeira de adulto do que tentar imaginar um costume árabe ou europeu que nem existe mais (se é que um dia existiu).
Por ser uma dança tipicamente praieira, ou seja, realizada nas praias, a Ciranda geralmente era dançada nas marés baixas por pescadores, familiares e amigos. Porém, isso não quer dizer que a mesma não possa ser realizada em outros locais a exemplo de palcos e praças. Outra característica marcante da Ciranda é que ela “evolui” durante sua execução. Começa com um pequeno grupo de pessoas e antes que se termine a primeira musica já se pode observar que o tamanho da roda se duplica, triplica ou quadruplica de tão contagiante que é o ritmo, acarretando assim numa linda imagem para quem canta em cima do palco, como também para quem apenas observa.
“Pra se dançar Ciranda juntamos mão com mão. Fazendo uma roda cantando essa canção”. Nada melhor para explicar como se dança Ciranda como nessa estrofe da música: Minha Ciranda de Capiba. Dançar Ciranda é isso ai, não tem segredo. É uma dança de coreografia simples. Sendo assim, é só se deixar levar pelo ritmo. Entretanto, há algumas “regrinhas” básicas a seguir para quem é principiante e deseja ser um brincante. Geralmente é uma dança de compasso lento e constante não sofrendo muita variação rítmica de tempo. Basicamente se dança Ciranda marcando o ritmo com o pé esquerdo na frente (alguns brincantes marcam com o pé direito, pode variar, isso não é um erro, afinal, a Ciranda antes de tudo é uma brincadeira e não uma competição). A roda é girada em sentido anti-horário, ou seja, pelo lado direito e quando a Ciranda vai ficando grande demais se forma uma menor no interior da maior. Os brincantes não têm limite de tempo para permanecerem na Ciranda, saem e entram na hora que quiserem. Alguns brincantes mais experientes improvisam uns passos que podem ser seguidos pelos demais ou não. Tudo isso é dançado ao som da zabumba (e/ou alfaia), caixa, ganzá e pandeiro (em algumas Cirandas são usados instrumentos de sopro e até sanfona).
A Ciranda tem seu rei e sua rainha, o falecido; Antônio Baracho (Mestre Baracho) e Madalena Correa do Nascimento, mais conhecida como Lia de Itamaraçá. Podemos citar também dois grandes divulgadores deste singular ritmo; o já falecido Francisco de Assis França, vulgo Chico Science e Sérgio Veloso, mais conhecido como Siba. Porém, queria dedicar estas ultimas linhas a cirandeira Lia de Itamaracá que apesar das dificuldades com relação a apoio e praticamente com a cara e a coragem, aos trancos e barrancos leva em frente à cultura da Ciranda, divulgando em festivais nacionais e vez ou outra fazendo turnês lá fora. Também com muita dificuldade toca em frente um projeto chamado Estrela de Lia. O referido centro cultural corre o risco de fechar suas portas pelo mesmo motivo de tantos outros centros que tentam difundir e perpetuar a cultura de raiz fecharam, falta de incentivo publico ou privado. Infelizmente não só o nosso estado como também todo o país tem um costume feio, apóia o que não presta e deixa de lado as vertentes mais ricas da nossa cultura. Cabe a nós abrir os olhos para esse grave problema. Afinal, já não basta terem acabado com nosso clima, agora estão querendo acabar até com nossa cultura!
Nos antigos livros didáticos de estudos sociais tínhamos que decorar a “mistura” do branco com índio, branco com negro e negro com índio. Tais misturas resultariam nas “sub-raças”: caboclo, mulato e mameluco. Confesso que era um saco ter que decorar tal formula metódica e chata. Porém, eu tive que recapitular esse assunto para chegar onde eu quero. Pois bem, no artigo de hoje falarei de forma bem sucinta (assim espero) sobre o Caboclinho. Sabendo que Caboclo é a mistura do branco com o índio, caboclinho seria a grosso modo; o filho do caboclo. Portanto, de origem indígena, o Caboclinho é uma das manifestações culturais mais antigas do Brasil. A quem diga que é a mais antiga e já era realizada por essas bandas antes mesmo da chegada dos europeus. Seu registro oficial data de 1584, no livro “Tratado e Terra da Gente do Brasil” do padre Fernão Cardim.
O Caboclinho com o passar do tempo sofreu alguns desfalques, um bom exemplo são as canções. Sendo de origem indígena, suas letras eram passadas de forma oral, ou seja, de pai para filho, já que os índios brasileiros não possuíam escrita. Durante o extermínio promovido pela coroa portuguesa, várias tribos foram extintas e com seu povo morreu também parte do folclore Caboclinho. O pouco que ainda resta é encenado no carnaval e principalmente nas cidades do interior do estado nas festas de padroeiro (a). Curiosamente o que podemos observar é que até o Caboclinho de certa forma sofreu um sincretismo religioso, já que foi criado para perpetuar a cultura e as crenças indígenas, hoje não deixa de ser uma encenação de caráter sagrado, porém agora, para a igreja católica (igreja essa que por sinal contribuiu e muito para o extermínio das tribos).
Musicalmente (segundo estudiosos) no Caboclinho não há nenhuma influência européia. Alguns pesquisadores comparam sua musicalidade com algo oriental, lembrando as canções Hindus, Árabes ou Chinesas. Uma característica marcante do ritmo é a forte marcação dos Trupés (pisadas dos pés no chão), que tem como finalidade fazer a base para os outros instrumentos como: surdo, inúbia (flautim de taquara) ou pífano, reco-reco, caracaxá, maracá (tipos de ganzá) e caixa (tarol). O ritmo por ser um ritmo de guerra e a dança representar as batalhas, o Caboclinho se torna muito marcante para quem assiste sua apresentação. A encenação se torna mais real quando os dançarinos em posse das suas preacas (arcos e flechas) criam estalidos durante as coreografias. A dança é tão bem executada que parece fazer os (as) dançarinos (as) flutuem. Tal ilusão de ótica se dá pelo fato da dança ser rápida e do baixar e levantar dos dançarinos (apoiados pela ponta dos pés e calcanhar), é tanta agilidade que até parece que os dançarinos tem molas nos pés. A indumentária dos brincantes é de uma exuberância sem igual, enfeitados (literalmente) dos pés à cabeça, os homens e as mulheres usam cocares e saias de penas de avestruz, ema e/ou pavão, se adornam também com cabaças na cintura, colares de sementes no pescoço, pulseiras e tornozeleiras bastante coloridas.
Sabemos que toda e qualquer manifestação cultural que retrata a vida social de um povo é constituída de hierarquias, com as tribos indígenas não seria diferente, no Caboclinho há também a famosa hierarquia. Os brincantes no espetáculo se dividem em: cacique, índia-chefe (mãe da tribo), pajé, capitão, tenente, pêros (indiozinhos e indiazinhas), porta-estandarte, caboclos de baque (músicos, geralmente quatro) e os caboclos e as caboclas.
Uma duvida muito comum é se o Caboclinho pernambucano e os Grupos de índios paraibanos são a mesma coisa. Friso eu, que apesar de serem muito parecidos, nas duas manifestações há algumas diferenças. Por exemplo: no Grupo de Índio não há o uso das preacas, sendo substituídos por lanças e machadinhas. Outra diferença peculiar desses dois grupos é a maneira de se pintar e a posição na apresentação. Geralmente os Grupos de Índios são batizados com nomes de tribos as quais há de maneira direta ou indireta descendentes, enquanto que no Caboclinho não é necessário se ter sangue indígena.
Além do cunho religioso e guerreiro na execução do Caboclinho, também há a prece da farta colheita e boa caçada. Como vimos acima, o Caboclinho é uma manifestação cultural que prima em passar a diante a cultura (ou o pouco que sobrou) indígena, suas batalhas, suas vitórias, seus heróis, etc. O Caboclinho é guerreiro e resiste assim como os próprios nativos brasileiros. Apesar dos pesares, a tradição (tanto nas tribos quanto na cidade) ainda é passada de pai para filho, tornando assim mais forte a ligação entre o mesmo sangue, o sangue brasileiro. Viva a miscigenação!
Da infância muitas coisas me recordo, dentre estas lembranças está o Pastoril, folguedo popular que encena o nascimento de Jesus. Sendo uma festa de reis, o Pastoril é realizado em véspera de natal ou no dia do padroeiro. Lembro que nos anos 90 ir assistir ao Pastoril na praça principal era um programa para toda a família (inclusive a minha). Recordando o passado, resolvi relembrar um pouco da minha alegre infância recordando o Pastoril e tentando explicar a você caro leitor, o que vem a ser e o por que do Pastoril.
Então, o que é o Pastoril? Em Pernambuco (principalmente no interior do estado) é um folguedo que integra o ciclo de festas religiosas no período natalino. É classificado como festa de reis, se caracteriza dessa forma pelo fato do mesmo em sua encenação exaltar o nascimento de Jesus. O Pastoril hoje assumiu aspecto popular ao contrário de tempos atrás onde tinha caráter erudito. Durante a apresentação o publico participa intensamente torcendo por um dos cordões (o azul ou o vermelho), não sendo raro, palmas para sua cor favorita e vaias para a cor adversária tornando assim o espetáculo além de mais interativo, emocionante também.
Por que o nome Pastoril? Quem canta as loas (toadas, cânticos) são chamadas de pastorinhas, sendo assim, logo, as pastorinhas dançam e cantam nos Pastoris. O Pastoril serviu e serve ainda hoje para melhor compreensão da narrativa que cerca o nascimento de Jesus (principalmente para as crianças), é assistindo ao pastoril (história oral) que a criança compreende melhor o significado do nascimento de Jesus, para a religião cristã, nesse caso a crença católica, o Pastoril é de suma importância. Como toda peça teatral, a encenação é dividida por partes que são chamadas de atos. Apesar de ser um auto natalino profano o pastoril tem um “que” de sagrado, pois, geralmente é organizado pela igreja e realizado também nas festas de padroeiro (a) da paróquia.
Como é o Pastoril? Formam-se dois cordões, o azul e o encarnado (vermelho). As participantes carregam nas mãos pandeirolas com fitas das respectivas cores pertencentes a seu cordão. Os pandeiros servem para dá o compasso e marcar o ritmo durante a apresentação. Algumas delas trazem consigo sextas com flores e frutas simbolizando oferendas para o menino Jesus (representando assim os três reis magos). As personagens do folguedo são a Diana (vestida com as duas cores, portanto, a Diana é uma espécie de mediadora entre os dois lados). Comandando o cordão azul está a Mestra, consequentemente do outro lado se encontra a Contramestra representando o cordão vermelho, há também a Cigana, o Anjo, a Estrela e a Abelha. No final da apresentação quem decide (com aplausos) o cordão vencedor é o povo. *Nos pastoris mais antigos o Velho era o gaiato da peça, o tirador de onda..., soltava muitas piadas (na maioria das vezes pesadas). Há até relatos de que antigamente saia até para a briga por conta de tais piadas, hoje o personagem do Velho na maioria dos Pastoris que ainda resistem, foi extinto. Apesar da peça se consistir em vários atos, há dois mais importantes, o de chagada e o de partida. Assim como nos velhos paises europeus católicos (ex: Grécia, Roma, França, Portugal e Espanha), as festas eclesiásticas também se transformam em folguedos populares, sendo quase que impossível desvincular um do outro. Com o Pastoril acontece o mesmo.
Pra que serve o Pastoril? Com as encenações dos Pastoris ficou mais fácil compreender a cena que se via nos presépios natalinos, até porque com os Pastoris a cena do nascimento de Jesus ganhava vida e assim consequentemente mais veracidade. Estudiosos como Sylvio Romero e Pereira da Costa defendem a teoria de que nos séculos XVII e XVIII em Pernambuco o Pastoril teve seu tempo áureo. Já para Mario de Andrade só no período oitocentista (século XIX) é que o Pastoril teve seu apogeu. Divergências a parte, o Pastoril foi muito difundido por volta dos anos 30, 40, 50 em todo o NE, e, em tempos não tão longínquos assim. Pois até os anos 80 artistas e poetas dedicavam um pouco do seu tempo e seu dom para criar loas (canções) para os Pastoris. Diferente dos presépios vivos, os Pastoris eram encenados de forma lúdica e alegre, mas dinâmica pode-se assim dizer. A sociedade era dividida, uns gostavam e iam prestigiar, outros condenavam principalmente pela figura do velho "pilherento". O Fato é que o Pastoril é sagrado e profano ao mesmo tempo, não tendo uma identidade definida e isso incomoda pessoas mais conservadoras. Porém nada que tire o brilho desse brilhante folguedo popular que assim como nenhum outro perpetua de forma oral a história do nascimento de Jesus Cristo.
Proveniente da mata norte Pernambucana o auto popular existe para comemorar o nascimento do menino Jesus, ou seja, no Cavalo Marinho não existe só o lúdico como também há toda uma religiosidade por trás. Assim como o Maracatu Rural, o Cavalo Marinho é dançado pelos homens do campo. Em outras épocas só os homens praticavam o folguedo e se travestiam dos personagens femininos para suprir a falta de mulheres na dança. Como os movimentos feministas da era moderna abriram portas em vários campos do econômico e social, no campo da cultura não foi diferente e hoje, não há restrições no Cavalo Marinho entre homens e mulheres, todos podem participar não só nos personagens como também na orquestra.
O Cavalo Marinho tem origem portuguesa, porém ao ser implantado no Brasil ganha uma nova leitura rítmica e se torna mais rápido, sem contar também o fato de que o Cavalo Marinho em sua versão brasileira incorpora uma infinidade de novos personagens específicos tupiniquins, chegando a agregar cerca de setenta e seis figura. O Cavalo Marinho é realizado principalmente no período natalino, mas isso não quer dizer que em outros períodos do ano os brincantes do Cavalo Marinho não se apresentem. Apesar de ser uma manifestação Pernambucana, o Cavalo Marinho provou que não só é conhecido no território Pernambucano como também nos quatros cantos do país, sendo executado até em outros países (principalmente no continente Europeu). Tal reconhecimento e divulgação do Cavalo Marinho deve-se ao (já falecido) Mestre Salustiano e bandas como Mestre Ambrósio, Maciel Salú, Filhos de Salú e tantos outros divulgadores da CPP (Cultura Popular Pernambucana).
O Cavalo Marinho tem como principal característica o ritmo vibrante e alegre, o perfil de seus personagens também seguem a mesma linha. E a história é a seguinte: o folguedo é um auto popular, ou seja, uma espécie de peça teatral feita por amadores e gira em torno de basicamente três personagens principais; Mateus, Bastião e o Mestre Ambrósio. Mateus e Bastião são dos negros que dividem a mesma mulher (Catirina), são os primeiros a entrarem na dança. Os dois fazem mugangas (caretas) e palhaçadas, são os únicos que permanecem na roda durante toda a apresentação, marcam o ritmo da dança batendo o tempo todo nas pernas com uma bexiga confeccionada com testículo de boi. Os dois estão à procura de emprego e são contratados para comandar a festa, ou seja, uma espécie de Bobo da corte. São contratados pelo capitão Marinho que chega em seu cavalo (daí a derivação do nome Cavalo Marinho).
No desenrolar da festa aparece o personagem Ambrósio, que tem como função vender os demais personagens do reisado, Ambrósio é uma espécie de mercador de figuras. Dentre quase os oitenta personagens alguns se destacam mais, como por exemplo, o Capitão (chefe político e/ou dono da terra), o Soldado (subalterno do Capitão e instaurador da ordem publica), os Galantes e as Damas (espécie de nobres), o Caboclo de Arubá (entidade religiosa) e o Boi (que ao final da brincadeira é dividido por todos os outros personagens). Como o capitão é o poder vigente, ele próprio é quem comanda a dança e para isso tem o auxilio de um apito que dependendo do timbre determina o inicio e o termino da apresentação. Durante a execução do reisado, cada integrante representa mais ou menos de três a quatro personagens (exceto os principais) que interagem com o publico presente a todo tempo. O “Banco” no Cavalo Marinho nada mais é que a banda. Os músicos e sua orquestra são chamados assim pelo fato de tocarem sentados em um banco de madeira. Os instrumentos principais usados na apresentação são: a rabeca, o reco-reco, o ganzá e o pandeiro, podendo ser incorporados mais instrumentos (dependendo da necessidade).
Um ponto maximo da apresentação é a dança dos arcos. Tal dança consiste em uma espécie de ballet coreográfado onde os (as) dançarinos (as) se cruzam entrelaçando arcos coloridos com fitas, remetendo a idéia de ligação do mundo profano com a dimensão sagrada. Sendo assim, a dança dos arcos é um tipo de elo entre o céu (sobrenatural) e a terra (natural). Como tem suas raízes e inspirações nas Danças de Reis e no Bumba-meu-boi, o Cavalo Marinho não poderia fugir dessa ligação entre o Homem & Deus e para exemplo disso podemos citar os três tipos de personagens que se encontram presente na manifestação, são eles: os personagens humanos, sobrenaturais e animais.
A principal meta do Cavalo Marinho além de divertir é fazer a junção do real com o abstrato, do sagrado com o profano, do lúdico com o lírico e do temporal com o atemporal. Servindo assim para repassar uma determinada tradição não só em sua localidade como também, ao mesmo tempo tem como função divulgar sua cultura em outras localidades, perpetuando assim em forma de “oralidade musicada” todo um imaginário popular centenário. Um exemplo disso são as apresentações em praças e teatros de todo o país, principalmente no período natalino.
O São João ta aí, em Caruaru já começou desde o dia 28/05, Caruaru que mesmo aos trancos e barrancos volta a realizar os festivais de fogueteiros e bacamarteiros, ocorrido no ultimo dia 05/06. São João este, que esse ano volta a incorporar as bandas “forrós de plásticos”. Pois, ano passado foram banidos do Pátio do forró. Atitude essa de minha parte lamentável, pois não creio que este estilo de música seja uma boa alternativa. Porém, os jovens gostam e são uma boa leva de publico, não restou a secretária de cultura outra opção a não ser, reincorporar esse estilo. Pensei que a população Nordestina estava cansada de “prestigiar” São João “acultural”, entretanto, vejo que me enganei!
Caro (a) leitor (a), venhamos e convenhamos: Você sair com sua namorada para o “Melhor São João do Mundo” e escutar musicas da pior qualidade, musicas que enfatizam a prostituição e fazem apologia ao consumo excessivo de álcool, é, no minimo um tanto quanto desagradável para não dizer lamentável. Pois bem, onde quero chegar com essa conversa? Vou citar um exemplo bem claro disso. Imagine a seguinte situação: Você está completando um ano de namoro e leva sua namorada para comemorar a data no “Maior São João do Mundo”, ao chegar no Pátio de Eventos você é agredido com letras de baixo calão, tipo: “É rapariga, é cabaré, é bagaceira...”, “Toma gostosa, lapada na rachada...”, “beber, cair e levantar” e tantas outras... É amigo, se você estiver acompanhado de quem você gosta, tipo a namorada, irmã ou mãe; acho que assim como eu, você também ficaria revoltado e indignado com tal situação que de fato é no mínimo constrangedora. Imagina pra quem é mulher ir pra uma festa em que a banda (atração principal) a difame e a trate puro e simplesmente como um objeto de consumo. E sabe qual é o pior da história? Tais bandas tem um publico fiel, inclusive mulheres que vão para esses shows ser chamadas de cachorras, vadias e etc. Algumas nem percebem a gravidade do fato e se percebem fazem de conta que não é com elas.
Por isso achei a iniciativa de barrar estas bandas que na minha opinião nem bandas são (na verdade, são fabricas de dinheiro que na realidade só existem para alimentar uma corja de empresários sanguessugas de prefeituras e alienadores de mentes). Cadê nossos bons e velhos artistas. Artistas estes que por incrível que pareça são mais valorizados no exterior que no próprio país ou região de origem. Artistas estes que quando são contratados são desrespeitados na forma do não pagamento de seus cachês, tendo os mesmo que esperar meses e até anos para receberem por seu trabalho. Enquanto os sanguessugas (do dinheiro publico) destratam nossas mulheres e ainda saem com milhões nos bolsos. Portanto, se você é chegado numa “fuleragem”, nem se preocupe, esse ano, você voltará a encontrar em Caruaru o que a cultura de massa cearense atualmente tem de “melhor” a oferecer! E apesar dos pesares, Caruaru ainda tem o maior Cuscuz, a maior Canjica, O maior Pé-de-Moleque, a maior Pipoca e a maior Pamonha do mundo! Vale a pena conferir e até comer um milho assado na feira.
Outro lugar de destaque no período junino em nosso Pernambuco é o São João de Arcoverde que em sua tradição, tem um dos melhores São João do Brasil, Arcoverde que respeita seus artistas e também sua população, Arcoverde que ainda não tombou e continua a fazer um São João de raiz com mais de 150 atrações. E, apesar de Calypson e Luan Santana, trás também atrações de peso como: Gilberto Gil, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, etc. Se você gosta de Coco, “Forró de verdade” e ciranda e ainda não curtiu São João lá tá perdendo uma das melhores experiências musicais, lá tem de “tuia”. Então é isso, o convite está feito, ainda dá tempo curtir o São João, mas lembre-se sempre, curtir com responsabilidade, sempre respeitando o próximo, não exagerando na “birita”, se for beber não dirija e sempre use camisinha. Esses “conselhos de mãe” são meio guichês, mas ainda são muito úteis e válidos.
Não é uma dança criada em solo Pernambucano, porém, apesar de não ser uma dança surgida em nosso estado ao longo dos anos se tornou típica e assim conhecida e dançada não só por Pernambucanos (as) como também por todo Nordeste. E diria mais, não só conhecida e divulgada pelo NE como também difundida (através de outras vertentes) para outras regiões do nosso continental país, tal como a região Sul. O Xote não é uma dança uniforme e homogenia, dependendo da região pode variar muito sua execução. Um exemplo dessas variações são as inúmeras maneiras de dançar o Xote. Por exemplo, existe o Xote de Duas Damas; Uma variante do Xote onde o cavalheiro (peão) dança com duas damas, tal coreografia foi muito usada no estado de São Paulo nos anos 20. Há também o Xote Carreirinha, onde os pares correm numa mesma direção, essa vertente é muito popular no Rio Grande do Sul. No Xote das Sete Voltas o próprio nome já diz; o par tem que dar sete voltas no sentido horário e mais sete no sentido anti-horário. Já no Xote do Chico Sapateado os dançarinos se enlaçam pela cintura sapateando muito.
Não vejo o Xote como um ritmo e sim, o vejo como uma dança, pois sendo uma variação do ritmo Forró, o Xote é mais lento e arrastado. Também é chamado de “Arrasta-Pé” No nosso Nordeste, a variação mais dançada do Xote é o famoso “2 pra lá e 2 pra cá”. Até mesmo quem não é desengonçado pra a dança, é possível aprender a dançar o Xote, uma dança fácil porém prazerosa. Nós nordestinos temos mais facilidade em dançar, até porque convivemos desde crianças com o ritmo. Entretanto qualquer pessoa independente da idade e nacionalidade se faz capaz de dançar o Xote. Como diria Luiz ‘Lua’ Gonzaga: “O xote é bom de se dançar...”
O são João vem chegando... E todo ano além d’eu dançar bastante, comer uma infinidade de comidas típicas e até tomar umas cachacinhas (até porque ninguém é de ferro), todo ano também me indago sobre as músicas tocadas em tal manifestação popular. Pra ser mais curto e grosso, fico me perguntando se o que eu escuto é Forró de fato e me questiono a qualidade de dessas músicas que nos é empurrada goela a baixo. Pois bem, partindo do pré suposto de que Forró é um festejo executado em forma de dança e música e por pessoas de origem popular, percebo a cada ano que o Forró virou uma espécie de comercio industrial, cuja meta é simplesmente vender “bens culturais”, comercio esse que tem como ferramentas a apologia ao álcool e a prostituição. Comercio esse travestido na forma de “cultura de massa”
O que encontramos hoje no NE é uma exacerbada proliferação de “bandas fuleragens”, ou seja, bandas que não assumem compromisso moral com seus fãs e os tratam de maneira desrespeitosa. Acho um tanto quanto preocupante, pois nossas crianças crescem tendo que “engolir” no dia-a-dia canções que difamam as mulheres, e , mais inaceitável ainda é o comportamento feminino diante de tal situação. Boa parte das mulheres “forrozeiras” pagam ingressos para adentrar e assistir a um show desses, tudo isso para serem tachadas de “vadias, prostitutas, cachorras” e tantos outros adjetivos absurdos. Até compreendo que o ritmo do forró estilizado seja dançante, mas existem tantos outros ritmos dançantes por aí que não tem como essência o escracho feminino. Acho que também tenho direito a ter tal preconceito. Não sou obrigado a gostar do “oxentmusic”. Quando me proponho a falar sobre Forró, tento abordar o dito “Forró de verdade”, pois julgo eu, ser o começo de tudo, ser a essência do ritmo.
Sendo assim, vamos para o que nos interessa; o Forrobodó. O Forró é uma dança tipicamente nordestina, porém de influencias várias que vão desde as européias Chula (batizada por aqui de “Xote”), Polka (rastapé e quadrilhas), danças africanas e até o Toré, ritmo tipicamente indígena. Algumas danças e ritmos são “crias” do Forrobodó, tais como o já citado Xote, Baião, Xaxado, Xenhenhem, Samba de Latada, Rojão, Coco, Balanceio, além é claro, das variações Forró pé-de-serra e Forró Arrasta-pé. Todos estes ritmos e danças vieram da aceleração, redução, compasso e descompasso existentes no Forrobodó.
Atualmente há duas teorias para o surgimento da nomenclatura Forró. Segundo Câmara Cascudo, Forrobodó vem do dialeto africano Bantu e quer dizer confusão ou farra, a versão de Cascudo é a mais aceita. Porém há outra versão (inclusive defendida também por inúmeros pesquisadores). Tal teoria diz que a expressão Forró vem do inglês “For All”, ou seja, “para todos”. Essa versão diz que os engenheiros ingleses da ferrovia (The Great Western of Brazil Railway Company Limited) ao promoverem suas festas, colocavam um letreiro na porta com os dizeres ‘For All’, sabemos que os ingleses não têm como habito cultural se misturar com a “plebe”, além do que a cabroeira nordestina não sabia nem ler em português o que dirá em inglês, então acho pouco provável tal teoria e prefiro ficar com a versão de Luis Câmara Cascudo, por achar mais plausível.
As festas de Forró no final do século XIX e começo do XX eram conhecidas como Forrobodós ou Forrobodanças, respectivamente sendo traduzidas como “bagunça do povo” e “festa para todos dançarem”. Há quem diga que as festas de Forró são “carnavais sanfonados”, ou seja, o ritmo é tão contagiante que se torna quase que impossível não cair em suas graças e começar a arrastar o pé (seja acompanhado ou não). Sua temática, assim como o ritmo, também pode variar muito, mas os principais assuntos são as vivencias do cotidiano nordestino, que podem ser expostos tanto de forma triste e sarcástica como de maneira alegre e saudosista. Há também as letras de “segundas intenções” (gênero criado por Genival Lacerda) e as letras maliciosas de baixo calão e apelativas (muito difundida por bandas cearences).
O Forró tem como característica musical o tripé: Sanfona, Zabumba e Triangulo. Isso não quer dizer que não possa se acrescentar novos instrumentos a sua musicalidade. Na maioria das vezes os instrumentos acrescentados são: Pífano, Cavaquinho, Rabeca, Pandeiro, Agogô, Violão, Baixo, teclados e até guitarras (implantada por Luiz Gonzaga nos anos 80). No que tange o campo da dança, o ritmo é dançado por casais e dependendo da modalidade, como por exemplo, na quadrilha, os casais trocam de par. O forró é algo simples e eclético, se faltou homem na dança, não tem problema, dança amiga com amiga mesmo.
O Forró, como toda manifestação cultural teve seu ápice e sua fase obscura. Sua ascensão se deu nas décadas de 50/60 com a migração dos nordestinos para o “Sul” e principalmente em 70, pois foi nessa época que surgiram (nas capitais “sulistas” – São Paulo, Rio e Brasília) as “Casas de Forró”, espaços onde os artistas nordestinos tinham voz e vez para mostrar sua musicalidade. Sua queda se dá por volta dos anos 80, o Forrobodó já não interessava as novas gerações, que por sinal estavam deslumbradas com as luzes das discotecas e com o rock nacional. É aí que no final da década de 90, o Forró volta com força e cai novamente no gosto do publico. É nesse período que surge o Forró Universitário. Nos anos dois mil, para que tal “ressurreição” acontecesse foi preciso o Forró se vestir de acordo com a moda. Moda essa que conhecemos hoje, moda essa voltada ao mercado de bens culturais, moda que deturpa e que passa... Porém não passará jamais o bom Forró, pois esse é feito de (e com) paixão, não é uma maquina pré-fabricada de fazer dinheiro.
Então o que finalmente é Forró? Quem sou eu pra responder tal pergunta, deixo a resposta por conta de quem entende do ramo. Jacinto Silva certa vez falou (de maneira resumida, porém convincente) que: “Forró é poeira, é simplicidade.
Referências Bibiográficas:
-Alvarenga, Oneyda. 1942. Música Popular Brasileira. São Paulo. ‘Lundu e Danças Afins’. P.177. 2ª Edição.
- Cascudo, Luís da C. 1962. Dicionário do Folclore Brasileiro. 2ª ED. Rio de .Janeiro. Instituto Nacional do Livro. Ministério da Educação e Cultura.
- Cascudo, Luís da Câmara. 1988. Dicionário do Folclore Brasileiro. 6ª Edição. Belo Horizonte, Itatiaia - São Paulo. p. 95. Editora da Universidade de São Paulo.
- Phaelante, Renato. Set / Out de 1995. Forró: Identidade Nordestina. Fundação joaquim Nabuco (Instituto de Pesquisas Sociais / Departamento de Antropologia). Recife - PE. Brasil.
Dança de origem Pernambucana provinda do agreste e sertão, ou seja, das regiões de caatinga (mata branca), região de clima seco e vegetação espinhenta. O Xaxado foi criado pelos cangaceiros e tinha como finalidade comemorar a batalha ganha. Sempre que o bando se reunia após a vitória havia muita festa e fartura de comida e bebida. Há relatos históricos que tal dança fora criada pelos cangaceiros de Lampião nos anos 20, mas precisamente na década de 1920 em Serra Talhada (na época, chamada de Vila Bela), porém há também quem diga que o Xaxado foi criado por cangaceiros de outros bandos. Portanto, mais antigo. Um fato curioso é que no período em que o Xaxado surgiu ainda não havia mulheres acompanhando os bandos, ou seja, o Xaxado era uma dança tipicamente masculina, só com o ingresso de mulheres nos bandos é que as mulheres (cangaceiras) puderam dançar. Antes das cangaceiras, os cangaceiros se viravam como podiam; dançavam com suas próprias armas e/ou até com outros cangaceiros.
O nome Xaxado é proveniente do barulho que as sandálias de couro dos cangaceiros fazia ao entrar em atrito com o chão seco, esse barulho era parecido com “xá-xá, xá-xá”. Como era uma dança de guerra, o Xaxado glorifica seus “heróis” mortos em batalhas, xingava o poder publico vigente da época, jurava de morte os “Macacos” (policiais, volantes) e enaltecia as vitórias do bando. As letras tinham um caráter satírico e zombador. Quem puxava as cantigas e comandava a dança era o cangaceiro chefe. Geralmente a dança era realizada sem o auxilio de nenhum instrumento, quem marcava o ritmo eram os pés em contato com o chão de terra batida e as mãos juntando-se em palmas umas com as outras. O passo principal era o avanço do pé direito em dois, três ou quatro movimentos laterais (dependendo da velocidade da marcação) enquanto o esquerdo era arrastado servindo de base, a formação era em fila indiana, tal qual um batalhão de guerra, e, os movimentos das mãos e braços também lembravam investidas bélicas, tudo isso em coreografias de movimentos quase que simétricos, porém firmes e sem muito exagero.
Durante muito tempo o Xaxado foi visto como dança (literalmente) marginal, não sendo aceita pela sociedade local. A campanha do governo em discriminar os cangaceiros durante décadas também influenciou para essa visão deturpada da dança em nosso imaginário. Não estou aqui para julgar o governo da época nem muito menos o cangaço, só estou tentando explicar que o Xaxado começou sim pelos cangaceiros, mas pode ser dançada por qualquer pessoa. Muitos relacionam o Xaxado com o clima junino, mas a dança pode ser dançada a qualquer época do ano, assim como o Forró e o Baião, o Xaxado também não é restrito só ao São João.
As letras eram criadas pelos próprios cangaceiros. O Xaxado também era praticado em momentos de descanso e laser. Há ainda hoje vários hinos conhecidos provenientes do Xaxado; alguns deles são: Acorda Maria Bonita, Olha a Pisada, Cavalos do Cão, Mulher Rendeira, Perseguição, Sertão vai virar Mar, Lampião Falou e outras tantas mais. As músicas do Xaxado são conhecidas hoje graças a um tal de Luiz Gonzaga, pois, foi Gonzagão que conseguiu o que nenhum artista até então tinha conseguido. Colocar as musicas do cangaço outrora cantadas só por cangaceiros para tocar nas rádios e teatros brasileiros. Isso foi um marco na indústria fonografia da época e graças ao respaldo, carisma e respeito que Luiz Gonzaga tinha com os “sulistas”, o Brasil todo não só ficou conhecendo como também canta até hoje as músicas do cangaço.
E como tudo está se moldando e a todo tempo se ressignificando, com o Xaxado não seria diferente. A dança ganhou outro sentido, hoje não é mais praticada por cangaceiros (as) e nem em louvor de alguma batalha ganha, mas sim, por dançarinos (as) que celebram a vida de perpetuar uma dança tão peculiar do nosso folclore Pernambucano.
Em meados do século XX o sudeste ainda escutava canções enfadonhas, eruditas e tristes como Machinhas, maxixe e Boleros. Foi ai que um compositor Pernambucano chamado Luiz Gonzaga (1912-1989), vindo do sertão lhes apresentou um ritmo novo, contagiante e alegre chamado Baião. Não demorou muito para os “sulistas” se agradarem do tal Baião. O Baião é um ritmo derivado de outro chamado Lundu (o Lundu segundo o sociólogo Waldenyr Caldas, chegou ao nosso país ainda no século XVI trazido por escravos. Portanto, de origem Afro), é também influenciado pelo Samba e o Conga (ritmo latino ‘cubano’). Apesar de ser um primo irmão do Lundu, o Baião segundo Câmara Cascudo, só veio a ser criado no século XIX, mas é no século XX (após 1946) que ele desbanca o Bolero e se torna “paixão nacional”.
Nos anos 50, o Baião vira uma verdadeira febre e vários artistas de outras vertentes musicais se rendem ao seu charme gravando suas canções, dentre esses artistas temos como exemplo Carmem Miranda e Jamelão. Apesar da Bossa Nova na década de 60 colocar um pouco de água no chopp do Baião, o mesmo ainda persistia e resistia principalmente pelo fato de ser mais “povo”, até porque a Bossa Nova usava smokin e tomava champagne, enquanto o Baião vestia gibão (vestimenta rústica tradicional dos vaqueiros nordestinos) e tomava cachaça.
Com o surgimento da industria cultural, o baião sofre mais um grande baque e definha mais ainda na década 70. Mas como bom nordestino, ainda tinha forças pra lutar e foi o que fez, através de artistas como o próprio Luiz Gonzaga, Dominguinhos e outros tantos que lutaram para que o Baião não fosse esquecido (ou engolido) pela modernidade, pela industria cultural que cada vez mais trazia o Rock’n’roll americano. Entretanto, no meio dessa confusão toda ocorre uma contradição, até o Rock se rende ao Baião - Como assim? - Vou explicar: como a Tropicália se apropriava de vários ritmos, o Baião não ficou de fora e se misturou com a Tropicália (ou ao contrário, tanto faz...), como a Tropicália também fundia elementos do Rock’n’roll, não foi difícil o Rock mescla-se ao Baião. Então, pra encurtar a estória, é criado por Raul Seixas o Baioque, uma mistura de Rock e Baião que se transformou numa espécie de ‘musica country brazuca”.
O titulo de Rei do Baião dado a Luiz Gonzaga não é por acaso. Esse Pernambucano de Exu não só foi o percussor do ritmo no sudeste como também inventou uma forma única e marcante de se tocar, um dos critérios fundamentais para se definir o Baião do Forró. Conzagão tocava de maneira única, “resfulengando” o fole, ou seja, quando ia “bombar” o acordeom, não fazia o movimento de vai-e-vem (comum entre os sanfoneiros da época) e sim, tremia a sanfona fazendo com que a mesma desce a impressão de está “gemendo”. Esta pequena, porém importante mudança na estética de tocar a sanfona é a marca registrada do Baião. Luiz Gonzaga foi importante para o Baião não só pelo fato de divulgá-lo, mas sim, de extraí-lo das violas dos cantadores sertanejos e transferi-lo para o fole. O Baião ostentava ainda uma rainha, uma princesa e um herdeiro do trono, respectivamente; Carmélia Alves, Claudette Soares e José Domingos de Morais (Dominguinhos). Muitos confundem a origem do Baião e pensam que o mesmo foi criado por Gonzaga, porém isso não é verdade. Luiz foi o grande propagador desse ritmo, não o criador. Aliás, não se tem idéia (se é que existiu) de quem criou o Baião, mas isso é o de menos, concordam?
Muitos confundem Maracatu de Baque Solto com o Maracatu de Baque Virado e alguns até acham que é a mesma coisa, ledo engano. Pois há diferenciações gritantes entre eles. Tais diferenças vão desde a história de seu surgimento, a métrica do ritmo e seus instrumentos como também seus personagens. Se você ainda confunde estes dois folguedos, tentarei aqui, te ajudar a diferenciá-los.
O Maracatu de Baque Solto é criado posteriormente ao Maracatu de Baque Virado. Surge na zona da mata pernambucana (mais especificamente na mata norte) já nos século XIX e XX quando trabalhadores rurais do interior migram para a zona da mata a fim de encontrar trabalho. O Maracatu de Baque solto sofreu uma mescla de outros folguedos proveniente de todo território pernambucano, tais como Pastoril, Cavalo Marinho, Bumba-meu-Boi, Folia de Reis, Caboclinho e outros mais. O Maracatu Rural (como também é conhecido) sofreu influência no que diz respeito a todo o conjunto da obra. Em relação aos instrumentos, o Maracatu Rural também conhecido como “Maracatu de Orquestra” é diferenciado do maracatu nação. A sua orquestra é composta por tarol (ou caixa), surdo, ganzá, chocalhos, ‘poica” (cuíca), zabumba, gonguê e a orquestra em sim com clarinete, saxofone, trombone e corneta (pistom). Outra diferenciação é que, no Rural o coro é exclusivamente feminino (mas pode variar de agremiação pra agremiação). Tais mudanças instrumentais ocasionaram uma “acelerada” no ritmo, se comparado ao Maracatu Nação, o Rural ritmicamente falando é mais rápido, não tendo a marcação lenta que o Maracatu de Baque Virado tem.
O Maracatu Rural tem como personagens o Rei, a Rainha, a Porta Bandeira também chamada de Baliza, a Dama do Passo (ou Paço), o Mateus, a Catirina, a Burra e o Caçador, as Portas-Buquê, as Baianas, a boneca Aurora, os Caboclos de Pena (que não usam lança e sim machado) também chamados Tuxau ou Arreimá, carregam na cabeça um grande cocar de penas (na maioria das vezes de pavão). Como no Macaratu Nação, no Maracatu Rural também há o Vassalo ou “Menino da Sombrinha”. E por fim, o personagem principal: o Caboclo de Lança. O Caboclo de Lança é o guerreiro de Ogum, dá vida e alma ao folguedo formado por trabalhadores rurais (cortadores de cana) que, durante a brincadeira trocam suas enxadas e foices por lanças de madeira adornadas com fitas coloridas e seus chapéus de palha por volumosos, coloridos e exuberantes capacetes. Durante todo o ano economizam um pouco mais a fim de confeccionar seus mantos de cores “pura psicodélia”. Os mantos representam a armadura na encenação da batalha, alguns também usam grandes óculos e um cravo branco na boca.
Há relatos de que algumas batalhas entre as agremiações ocorriam de verdade e quando não matava feria gravemente o guerreiro. A música “Cruzeira das Bringas”, cantada por Siba e a Fuloresta do Samba relata bem uma dessas sangrentas batalhas reais aonde os caboclos se deslocavam até tal cruzeiro para duelar até a morte. Felizmente hoje a batalha é fictícia, porém de maneira tão realista que às vezes chegamos a pensar que a qualquer momento irá começar um daqueles antigos duelos de vida ou morte.
No Maracatu de Baque Solto não há cortejo real, quem comanda a brincadeira é o apito e/ou a bengala do Mestre que orienta a movimentação do Maracatu. O mestre também é responsável pela cantoria das toadas. Quatro personagens abrem a brincadeira: Mateus, Catirina, a burra e o caçador. A dança é realizada em dois círculos (um dentro do outro). Os caboclos de lança correm pelo circulo de fora encenando a batalha e golpeando suas lanças para cima e para baixo, para um lado e para o outro, segurando-a firme com as duas mãos, enquanto correm carregam uns chocalhos nas costas dando a marcação acelerada do maracatu rural. Enquanto isso no circulo interior dançam as damas de buquê e baianas onde podemos observar ao centro da roda os caboclos de pena, a boneca e o estandarte (que também pode ficar na frente do maracatu).
Algumas prefeituras fornecem subsídios às agremiações, algo como transporte e/ou dinheiro para a compra dos enfeites e confecções das roupas, porém a ajuda por mais que seja “de bom coração” ainda é pouco, pois as agremiações “sobrevivem” com suas apresentações (quando tem aonde se apresentar) e das economias dos brincantes. O Movimento Mangue também não esqueceu o Maracatu de Baque Solto e se fez influenciar por tal folguedo, juntando as guitarras de rock com esse efervescente ritmo Pernambucano.
No Maracatu Nação houve uma abertura no que tange o campo dos participantes no folguedo, hoje em dia não são mais os escravos que se apresentam em terreiros ou igrejas, mas sim a sociedade em geral. Um bom exemplo disso é o fato de hoje haver nas nações, integrantes de várias classes sociais. Ainda há sim descendentes de escravos, mas também médicos, engenheiros, advogados dentre outras profissões classificadas de elite em nossa sociedade. Infelizmente não observamos isso acontecer no Maracatu Rural, não sei se pelo fato da distância entre a zona rural e urbana ou recusa dos brincantes rurais em aceitar brincantes urbanos. Só sei que o apoio é menor se comparado ao outro Maracatu. Sei que o Nação é mais antigo, mas não custa nada aos poderes públicos do nosso estado apoiar a luta do nosso povo humilde (economicamente falando). Povo guerreiro por essência, sustentam os filhos com o maior sacrifício e ainda tentam economizar um pouco do pouco que ganham no esforço de não deixar um dos nossos expoentes culturais simplesmente desaparecer.
O Brasil é o maior país “negro” fora do continente africano, ficando atrás no ranking mundial apenas da Nigéria, na África. Temos portanto, um elo considerável com o continente africano, elo esse que obteve ligação em meados do século XVI com a vinda de escravos negros trazidos em navios negreiros através do Oceano Atlântico pelos europeus. Nos perguntamos hoje por que os “conquistadores” realizavam tamanha truculência a resposta logo aparece: pelo simples fato do conceito eurocêntrico de cidadania e civilidade da época, onde excluíam as sociedades não brancas e não européias, interpretando-as como aculturadas, ou seja, sem cultura. Sendo assim, as “bárbaras” etnias africanas estavam fadadas em servir aos “civilizados” portugueses, sem qualquer direito nem respeito, apenas dever. Segundo a aristocracia (isto inclui a igreja católica da época) européia, o negro não tinha alma, pois não era cristão! Sem “alma” o africano era considerado um “animal”, tendo em vista que só quem possuía a possível “alma” era os cristãos, sendo assim, os negros não possuíam alma, então eram animais, estando os negros no “estado” de animal, então deveriam ser tratado como tal. Não mereciam nenhuma consideração nem direito social de cidadão, eram vistos (pela classe dominante) como simples mercadorias de troca ou ferramenta de trabalho braçal.
Durante muito tempo pouco se foi feito para que este quadro mudasse, só após a chamada Revolução Industrial (meados do século XVIII) é que se viu a necessidade de trocar a mão de obra escrava pela mão de obra remunerada, tendo em vista que o escravo não dispondo de salário consequentemente não tinha capital para gastar com os produtos “industrializados” que chegavam aos portos das terras “Tupiniquins”. Entretanto, até chegar à lei de abolição da escravatura, o Brasil passou por um longo processo e implementações de leis, a exemplo das principais:
- Lei Nº 3270, mas conhecida como a lei do Sexagenário (28/09/1985), onde escravos com mais de sessenta (60) anos obtinham sua liberdade por decreto, lei paradoxa, tendo em vista que a estimativa média de vida escrava era de 25 a 30 anos, ou seja, era quase impossível o escravo ou escrava sobreviver por todo esse tempo e se sobrevivesse, para onde iria? Como viveria? Aonde e em que trabalharia?
- Lei Nº2040, também conhecida como “Ventre Livre” ou lei Rio Branco (28/09/1871), tal lei garantia que a criança nascida em cativeiro ao completar vinte e um (21) anos, obtinha sua liberdade por direito (diante o pagamento de indenização da coroa para o senhor), mas para onde iria se suas raízes estavam todas no engenho? Como viveria sem nenhum auxilio? Na maioria dos casos, os “livres” permaneciam no engenho ou fazenda e ali terminava seus dias com o destino igual ao de seus pais, na labuta.
- Lei do Trafico (07/11/1831), a partir da citada data, fica proibido o oficio de trafico negreiro, sob pena de apreensão da “carga” e prisão dos contrabandistas, os guardas da coroa tinham o dever de “abater” navios que estivesse transportando escravos vindo da África. Essa lei gerou problemas, pois nem foi executada como deveria e também não levava em consideração as vidas escravas que por sinal estavam aprisionadas nos escuros, sujos e úmidos porões, acarretando assim a perda de inúmeras vidas.
Algum tempo depois, por pressão da Inglaterra, o Brasil é obrigado a assinar (através da princesa Isabel) a lei Áurea (13/05/1888), a citada lei abolia de vez a escravidão nas terras “Brasilis” sem qualquer tipo de indenização, seja para os proprietários ou para os ex-escravos. Com a abolição da escravidão veio mais um problema sério. Os ex-escravos ganharam a “liberdade”, porém não ganharam mais nada além da simbologia da quebra de seus grilhões. Não foram contemplados com terras nem gado para sua subsistência. Ficaram ao “Deus dará”, sem rumo, a saída foi se amontoar nos morros ou em comunidades quilombolas. Muitos não sabiam outro oficio além do corte da cana ou trabalho mucamo (domestico). Sem saber outro oficio nem dispor de capital nem terras, muitos negros libertos resolveram ficar em seus engenhos e os que ficaram ganharam míseros salários por seus trabalhos prestados. Com o tempo a situação veio a piorar, pois a coroa lança uma política de embraquecimento, trazendo imigrantes italianos e japoneses para trabalhar nas fazendas de café, como incentivo o governo da época ofertava terras e subsídios aos imigrantes europeus para o cultivo do café. Neste período a economia do açúcar se encontrava em processo de decadência, dando lugar à outra monocultura, a cafeeira no Sul (Sudeste) e algodoeira no Norte (Nordeste). Mas uma vez, os negros são marginalizados na história política, econômica e social do país.
Para mudar tal quadro, passaram-se praticamente mais de quinhentos anos. Foi a partir de 2003 com a lei 10.639 que o estado brasileiro através do governo Lula, deu a importância devida as nossas raízes afro, a referida lei torna obrigatório o estudo das culturas africanas e afro-brasileiras em escolas publicas. A lei 11.645 em 2008 acrescentou também o ensino das culturas e costumes indígenas. Porém estas leis ainda não entraram em vigor de fato, por enquanto estão só no papel, falta uma maior fiscalização e uma melhor formação dos profissionais docentes, tornando-os mais capacitados para exercer tal função. Entretanto, há avanços nesta área, algumas escolas modelos estão conseguindo cumprir a lei. O que vejo com bons olhos.
É baseado nesta perspectiva que resolvemos pesquisar sobre as permanências e as mudanças das tradições Afro, dando um enfoque no campo cultural, assim como também religioso, traduzido nos signos do centenário cortejo musico - teatral Maracatu de Baque Virado, mais conhecido como Maracatu Nação. Como embasamento teórico, usaremos alguns conceitos dos chamados Estudos Culturais(Cultural Studies), dentre eles trabalharemos com a linha Etnomusicologica, tal corrente se baseia no estudo da musica em seu contexto sócio cultural, tendo em vista que para estudarmos o tema decorrido, achamos ser esta abordagem melhor a se encaixar na problemática aqui exposta. Vale salientar, contudo, que até pouco tempo, a etnomusicologia era dominada por análises de tradições orais entre “groups” não-letrados. Hoje, porém, os estudos de estilos populares veiculados pelos meios de comunicação de massa vem se tornando cada vez mais comuns, sendo assim concluímos que; a etnomusicologia hoje aborda desde as antigas civilizações e suas tradições orais até a contemporaneidade e suas culturas áudio visuais - 3D (Terceira dimensão) e HD (High Definition). Não só adentraremos no campo dos signos e representações, como também pretendemos neste trabalho, ressaltar a importância das abordagens políticas e sócio-culturais, abordagens estas muito comum no campo da “História Cultural”, como ressalta Bourbier.
Em nossa pesquisa nos apropriamos da “Cultura Popular”, porém, devemos adentrar em tal área com cautela, tendo em vista que o conceito cultura popular segundo Roger Chartier “[...] É uma categoria erudita” (1995, p. 179). Sobre tal tema Martha Abreu fala que “[...] Foi utilizado com objetivos e contextos muito variados, quase sempre envolvidos com juízos de valor, idealizações, homogeneizações e disputas teóricas e políticas” (ABREU, 2003, p. 87), ou seja, o acadêmico é o meio que classifica o tido popular ou não. Sendo assim, o conceito cultura popular tem por essência naturalizar a dicotomia entre popular-erudito, delimitando assim o campo de estudo. Não é isso que pretendemos aqui seguir, pois vemos que, tanto o popular quanto o erudito não são tão fadados a homogênização assim. Queremos com isso dizer que, apesar de trabalharmos com o conceito cultura popular, não comungamos da idéia de que o popular está de um lado da ponte e o erudito do outro, pelo contrário, apesar de divergirem em alguns pontos os dois convergem em outros. É partindo dessa premissa que começaremos a discussão sobre as praticas culturais religiosas do Maracatu Nação (Baque Virado).
“É preciso levar em conta que, por muito tempo a música esteve ligada aos ritos sociais e unificada por eles: música religiosa[...]” (FOUCAULT, 2001). Foi a parir da década de 1930 no governo Vargas, que o folclore e as manifestações populares ganharam maior visibilidade no cenário nacional. Nessa época era implantada a política de “miscigenação positiva” com embasamento teórico nas obras do nacionalista Gilberto Freyre. Ao longo das décadas passadas, em vários estudos culturais podemos perceber que a classificada cultura popular não é tão “omissa” como se pensava em relação à cultura erudita. Ou seja, a cultura popular assim como qualquer outra pratica humana não é neutra nem surge por acaso, por trás existe uma gama de ações para que a mesma seja legitimada não só no meio em que se encontra como também em outros campos de atuações. “Os novos estudos em torno da música popular, sobretudo em torno da industria fonográfica e do consumo musical, demonstram quanto é difícil, hoje em dia, sustentar abordagens generalizantes e normativas” (NAPOLITANO, 2002, p. 36). Como vimos, a cultura popular e a cultura erudita vez ou outra se encontram em processo de fusão, para tais praticas paralelas o inglês Peter Burke cunhou o termo ‘Biculturalidade’, ou seja, é impossível a cultura popular existir sem a erudita e vice e versa. Ambas necessitam uma da outra. Segundo o mesmo autor, na cultura: a escrita troca informações com a oralidade, a aldeia troca experiência com a metrópole, etc. Portanto, as culturas são híbridas, mesmo a mais antiga manifestação em um determinado período fez intercambio com outra (as) cultura (as) e sofreu processo de mutação, claro, algumas mais e outras menos, porém devemos analisar as culturas (sejam elas populares, eruditas ou de massa) de maneira impar, levando em consideração os conflitos sociais e políticos. “Tradições são assim mesmo, freqüentemente inventadas e reinventadas, como mostraram Hobsbawm e Ranger, pois visam consolidar determinadas continuidades em relação ao passado, diante das constantes transformações do mundo moderno” (ABREU, p. 100).
Diante dos argumentos dispersos a cima, tomamos o folguedo como uma manifestação cultural popular, pois usa tanto o artifício da oralidade quanto se apropria de simbologias para disseminar seus costumes e suas tradições. Sendo assim, a principio abordaremos os diversos signos culturais do Maracatu de Baque Virado, representações estas que vão desde o caráter político-religioso do cortejo à dança e musicalidade que o acompanha. Tomando como recorte cultural suas praticas desde o Brasil colônia e império, até os dias atuais.
O Maracatu, ritmo tradicional nordestino, é mais comum na Zona da Mata e Litoral. Proveniente do continente africano (mais especificamente do Congo nas tribos Nagô) desenvolveu-se no Nordeste brasileiro (especificamente em Pernambuco) a mais de 300 anos, período de sistema escravocrata. O maracatu é uma mistura de teatro, dança e música. Aqui no Brasil, se adaptou e se fundiu ao sincretismo religioso local, encenado para camuflar os cultos religiosos afros, pois as praticas religiosas não católicas eram proibidas pelo estado (rei) e pelo clero (igreja). Há principio serviu para repassar (através da oralidade) seu passado e sua história. No Brasil, hoje há dois tipos de Maracatus, são eles: Maracatu Nação (de Baque Virado) e Maracatu Rural (de Baque Solto). Apesar do cortejo está inserido como manifestação popular, não que dizer que seja uma manifestação populista nem pertencente à cultura de massa.
Geralmente participam de trinta a cinqüenta brincantes. O maracatu de baque virado consiste em uma cerimônia política de coroação da corte Nagô nas figuras representativas da rainha e do rei, partindo da perspectiva que muitas tribos africanas eram politicamente compostas pelo sistema monárquico, o Maracatu Nação representava (como o próprio nome já diz) a coroação de determinada nação. O cortejo começa quando as damas de honra que são acompanhadas pela corte: príncipe e princesa, duque e duquesa, barão e baronesa, sendo composta ainda pelo embaixador, porta estandarte, dama de corte, vassalo (também chamado de porta sombrinha) e damas de passo (conhecidas como Yabás ou baianas abrem alas para os personagens principais: A Rainha e o Rei. A dama ou as damas de passo (no máximo duas) carregam consigo a “Calunga” durante o cortejo. Calunga é o nome que se dá a (s) boneca (s) que representa as rainhas já falecidas, ou seja, as antepassadas da corte. Sendo assim, o cortejo não só enfatiza a questão político hierárquica da sociedade Nagô como também tem seu lado místico transcendental ao evocar os espíritos antepassados de seu povo. E por fim, o cortejo é completado com os batuqueiros, músicos encarregados de alegrar e dar ritmo ao desfile. A orquestra do maracatu de baque virado é constituída só de instrumentos de percussão, tais como: gonguê, ganzar, xequerê e maracá que tem como função fazer a marcação do ritmo, as caixas que em suas rufadas vibram vigorosamente e por fim as alfaias que com seu som grave pulsa como trovões dando assim força (e aquele arrepio na espinha) ao ato festivo. Com exceção das caixas, todo restante dos instrumentos tem origem africana.
O Maracatu nos séculos XVII, XVIII e XIX tinha como função à representação das coroações das nações africanas, sendo assim o festejo formava uma espécie de elo (de ligação) entre os ancestrais africanos e seus descendentes nascidos já na colônia portuguesa outrora chamada de “Terra de Santa Cruz”. O Maracatu Nação após a abolição ganhou as ruas como folguedo, porém sem perder totalmente sua essência que é a de festa religiosa. Ao sair em cortejo, se torna necessário a dança das calungas de fronte as igrejas, uma maneira de homenagear e agradar a Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito (ambos, divindades negras católicas) Entretanto, quando os maracatus visitam algum terreiro os homenageados são os Orixás. Tal ato só vem provar o quanto ainda é marcante e presente o chamado sincretismo religioso em nosso país.
E começa o cortejo… A dama de passo vem na frente juntamente com toda a corte, a corte abre alas para o rei e a rainha que por sinal estão bem vestidos com capas de veludo e uma bela coroa na cabeça de cada um, nas mãos trazem cetros e/ou pequenas espadas, por trás do rei e rainha vem o vassalo que carrega o pálio (guarda-sol) e o gira como se fosse a própria terra que estivesse se movendo para saudar a realeza ali presente (colocar o escravo para carregar o pálio é um costume árabe, que por sinal até hoje tem influência muito forte em certas regiões do continente africano). Não deixando de lado a influência brasileira, algumas nações de maracatus inserem em seu cortejo os caboclos de pena, que seria uma representação do guerreiro indígena, acarretando assim uma mistura étnica de dois povos marginalmente tratado como cultura inferior pelos brancos europeus. O que podemos reparar com isso é a união (ao menos simbólica) dos oprimidos contra o opressor.
No estandarte se pode observar o nome da respectiva agremiação (Nação), uma figura (animal ou não) que a represente e o ano que foi fundada. As músicas cantadas no folguedo são chamadas de toadas, quem canta as toadas é o tirador de loas (loas nesse contexto tem o mesmo significado de versos) que apita ao início e término de cada estrofe, depois que o tirador de loas termina a estrofe os outros integrantes repetem frases da mesma estrofe ou responde com refrão. Com o passar do tempo, infelizmente a parte falada (encenação) foi extinta do folguedo, predominando a não menos importante, parte musical.
“A música, sobretudo chamada ‘música popular’, ocupa no Brasil um lugar privilegiado na história sociocultural, lugar de mediações, fusões, encontro de diversas etnias, classes e regiões que formam o nosso grande mosaico nacional”. (NAPOLITANO, 2002, p. 7). Como bem ressalta Napolitano, temos a nosso favor as fusões rítmicas e socioculturais ao longo do tempo em nossa música popular, sendo assim, o Maracatu Nação musicalmente falando, é rico em sonoridade, pois trás consigo o baque percussivo das nações africanas mesclado com o sincretismo religioso ao qual o cortejo foi imposto a passar, driblando tal fiscalização de forma sem igual em termos de criatividade. Não só na musicalidade como também no enredo simbólico representado por seus personagens, o Maracatu Nação se torna único. O Maracatu se tornou não só bom para ouvir, mas também para pensar de maneira critica a astúcia que o mesmo encorpou ao longo dos anos de resistência. “A música brasileira moderna é, em parte, o produto desta apropriação e desse encontro de classes e grupos socioculturais heterogêneos” (NAPOLITANO, 2002, p. 48).
Mas nem tudo são flores, como podemos perceber na obra de Marcos Napolitanos, o que conhecemos hoje como música popular até os anos 50 sofreu rejeição, tanto por parte da indústria fonográfica, das rádios que não a executavam e até mesmo dos acadêmicos em seus estudos. Desinteresse esse aflorado quando “O projeto de ‘folclorização’ da música popular sofreu um grande abalo com a eclosão da Bossa Nova[...]. A partir daí, houve uma espécie de limpeza de ouvidos, desqualificando tudo que fosse identificado como exagero musical: ornamentos dramatizantes, etc.” (NAPOLITANO, 2002. p, 62). A música popular nacionalmente só receberia atenção e o valor merecido nos anos 80. Entretanto, com o Maracatu esse processo demora mais um pouco, cerca de 10 anos a mais.
O Maracatu Nação se encontrava esquecido no final dos anos 80 e início dos anos 90, restando apenas poucas agremiações e nenhum incentivo por parte dos poderes públicos locais, Recife corria o risco de entrar no século XXI sem uma de suas maiores representações culturais. Era necessário se fazer algo para mudar esse quadro de degradação cultural, foi aí que alguns jovens (por vontade própria) resolveram levantar a bandeira da resistência cultural na cidade, ou melhor, resolveram ligar uma antena parabólica na lama, antenados com o bom que vinha de fora, mas com a preocupação de resgate cultural, não só do Maracatu Nação como também o Rural e outros ritmos considerados regionais, tais como o Coco (de roda e de embolada), a Ciranda Praieira, o Repente, etc. O grupo de jovens aqui citado, deram novos segmentos rítmicos aos ritmos regionais e o resultado sou outro estilo musical, mais moderno, porém se utilizando tando do pop quanto do regional. Estava criado então a Cena Mangue Bit, mas isso já é outra história…
Com a ajuda do Movimento Mangue Beat e posteriormente com o incentivo financeiro que as agremiações receberam (e recebem) dos poderes públicos como também de algumas empresas privadas o Maracatu se fortaleceu e não definhou. Graças ao empenho dos presidentes das Nações a perpetuação do folguedo está garantida. As dificuldades ainda existem isso é verdade, mas são bem menores que outrora. O Maracatu Nação se expandiu além das fronteiras do estado de Pernambuco, hoje podemos encontrar Nações em outros estados Nordestinos como PB, BA e CE, sem contar que até em MG se tem registro de Nações. O que podemos observar hoje é que o baque (batida) do Maracatu meche não só com as pessoas de descendência negra como também de outras raças. A partir dos anos 2000, as agremiações abrem suas portas e a cada ensaio ou a cada Carnaval é freqüente ver médicos, psicólogos, advogados, dentistas e engenheiros misturados com padeiros, mecânicos e pedreiros, pois o Maracatu propícia a interação e convivência fraternal com o próximo, independente de sua classe social, cor ou opção sexual. Portanto, a riqueza cultural do Maracatu é muito grande para se resumir apenas à zona da mata e litoral pernambucanos. Tem sim que ser incentivado em outros estados, pois o maracatu por excelência já é de uma grandeza histórico-cultural inestimável. Independente de onde esteja, o maracatu deve ser divulgado e executado, pois é por excelência uma ferramenta de resistência e inclusão social.
As “Nações” de Maracatus mesmo depois de três séculos respiram tradição e cultura, a exemplo vale citar a “Noite dos Tambores Silenciosos” que consiste em uma reunião das diversas agremiações em frente ao pátio da igreja do Terço no bairro de São José (Recife antigo). A meia noite da Segunda-feira de Carnaval, após um sinal os tambores param, depois do silencio se ouve uma voz tirar loas (cantar toadas, versos) em louvor a rainha dos negros Nossa Senhora do Rosário. A origem deste ritual se dá nos idos do período colonial. Distante da terra natal, os negros pediam a proteção de Nossa Senhora na tentativa de amenizar as dores do cativeiro cruel. A perpetuação desse rito faz com que a tradição mantenha-se quase que intacta ao passar dos séculos.
Em nossos estudos resolvemos trabalhar com história cultural e principalmente no campo da música por acreditar que apesar de ser um campo recente na historiografia atual, é ao mesmo tempo uma área de estudo pouco pesquisada. Porém como aborda Napolitano, nos últimos anos é bastante comum a utilização de canções ou gêneros musicais nas abordagens dos estudos históricos, creio eu, que a pesquisa se torna interessante para nós por nela conter linguagem poética e categorias simbólicas. Vale frisar que, como em qualquer outro campo historiográfico, é necessário ter cuidado na pesquisa nas analises e conclusões, “Para aquele que se propõe a estudar a história da música, é preciso ir além. Não basta dizer que uma música significa isto ou aquilo” (NAPOLITANO, 2002. p, 86). Para estudar o campo musical, creio que se torna necessário uma analise previa das grandes questões culturais, sendo elas questões políticas, econômicas e sociais. Pensando as canções como um produto subjetivo não isolado, não vejo tais questões separadas do estudo da música ou das praticas religiosas, por exemplo. “A música, popular ou erudita, constituiu um grande conjunto de documentos históricos para se conhecer não apenas a história da música brasileira, mas a própria História do Brasil, em seus diversos aspectos” (NAPOLITANO, 2002, p. 48).
Para concluir, confesso que escolhemos a temática por pura paixão, afinal não acredito em neutralidade na escrita, paixão sim, porém com responsabilidade. Tanto o Maracatu quanto a História me fascinam, sendo assim, que mal há em juntar os dois!?
“Afinal, todo pesquisador, jovem ou experiente, é um pouco fã do seu objeto de pesquisa. Em se tratando de música, a relação deliciosamente se multiplica por mil” (NAPOLITANO, 2002, p. 48).
Referencias bibliográficas:
ABREU, Martha. Cultura Popular: Um Conceito de várias Histórias. São Paulo 1999.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1992.
CHARTIER, Roger. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol 8, n. 16, 1995.
FOUCAULT Michel. Estética: Literatura e Pintura, Música e Cinema – Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2001.
NAPOLITANO, Marcos. História & Música - História Cultural da Música Popular. Belo Horizonte: Autentica, 2002. p. 48.