O teatro de Mamulengo tem origem na Idade Média (1300-1500). Seu uso a principio tem caráter litúrgico, a igreja Católica usava o teatro de marionetes para encenar a vida de Jesus, essa forma de espetáculo foi também denominado “Presépio Vivo”, em alusão aos presépios imóveis que até hoje enfeitam salas de inúmeras residências na época natalina. Naquela época eram raríssimos os momentos de descontração, ou seja, nesse período a população (principalmente a classe menos favorecida economicamente) não se dava ao luxo de ir a uma peça teatral romancista, nem muito menos a festas gloriosas regadas a camarões e vinho. A única maneira de se divertir era quando raramente sobrava um tempinho nos intervalos das árduas atividades diárias, para assistir ao teatro de Mamulengos. O nome se dá assim devido a manipulação dos bonecos, pois a mão fica mole, então (mão molenga = Mamulengo).
Segundo o folclorista Câmara Cascudo “o mamulengo é o mesmo que o guignol francês ou o pupazzi italiano”, pois em ambos os três, o cenário é feito de madeira e panos com manipuladores narrando estórias escondidos do publico. Desde seu surgimento as apresentações são nas praças. Entretanto podem ser apresentados em festas infantis, feiras culturais, etc. Aqui no Brasil, os mamulengos fazem parte da cultura Nordestina desde a época colonial, retratando as cenas do dia-a-dia, sejam cônicas ou denuncias de cunho político. Embora o teatro de Mamulengos tenha caráter informático, sua principal preocupação é divertir, ou seja, levar o cotidiano lúdico para a população, em especial para as crianças.
O Teatro de bonecos aqui citado, dependendo da região ganha outros nomes, tais como teatro de marionetes, fantoches ou títeres. Apesar das mudanças de nomes, a essência é a mesma. O material de fabricação por exemplo, em sua maioria confeccionados em forma de luvas ou bonecos articulados de madeira. Mas, a variação mais comum é feira de bonecos com cabeça de madeira, vestindo com camisolões de xita (tecido barato e fácil de encontrar nas feiras nordestinas) e mãos de papelão. As estórias são geralmente improvisadas de acordo com a interação do publico.
Os personagens são peculiares, vão desde delegados, coronéis latifundiários a vaqueiros e ladrões espertalhões. Englobando assim todas as camadas sociais brasileiras. No entanto, os personagens do teatro de Manulengos não se limitam apenas ao humano, transcendem o imaginário popular carregados de seres míticos que vão de animais falantes como bois, pássaros e cobras, até seres sobrenaturais como almas penadas, lobisomens e até a própria morte. Fazendo assim uma ponte entre o natural e o transcendental. São inúmeros os personagens continos em uma apresentação de Mamulengos, mas os nomes mais comuns que podemos encontrar nesses personagens são: Cabo 70, João Redondo, João Grilo, Zé vaqueiro, Maria Doida e professor Riridá.
Apesar de presente em todo Nordeste, o teatro de Mamulengo está quase que estinto, perdeu seu espaço para as mídias eletrônicas. Do final da década de 90 aos dias atuais não vemos mais encenações, não sei se pelo fato do desinteresse dos pais em apresentar essa forma de arte aos seus filhos ou falta de companhias que a apresentem. Nosso estado (Pernambuco) é ainda um dos poucos que apesar dos pesares essa cultura ainda sobrevive graças a persistência de mestres mamulengueiros como Zé Divina, Luís da Serra, Ginú, Saúba, Tonho de Pombos, Pedro Rosa, Zé Lopes, Antônio Biló, Manuel Marcelino entre tantos outros mestres anônimos e desconhecidos pela nossa ignorância cultural.
Em Olinda, o Espaço Tiridá abriga o Museus do Mamulengo, esse espaço procura preservar e divulgar essa tradição que vem se perdendo a cada ano. Lá existem cerca de 1.500 peças que contam um pouco da história dessa arte. Além de diariamente realizar apresentações. No estado existe também a Associação Pernambucana de Teatro de Bonecos (APTB). Lá podemos conhecer a luta árdua do que é ser mamulengueiro.
Para saber mais acesse: www.bonecosdepernambuco.com
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