Só indo ao carnaval de Olinda para entender a força cultural que bonecos inanimados de isopor, madeira e pano criam no imaginário dos brincantes. Como sabemos a geografia de Olinda em nada ajuda os carregadores dos bonecos, além das intermináveis ladeiras, pesa o fardo de carregar o boneco durantes horas num calor insuportável de mais de 40° graus. Pois, como o carnaval é realizado no verão, o calor e a maresia em Olinda são realmente os maiores “inimigos” dos carregadores dos bonecos, homens que com muita garra dão vida aos gigantescos bonecos que podem chegar a 4 metros de altura. Sem os carregadores, os bonecos seriam apenas bonecos e não personagens vivos da nossa cultura.
Reza a lenda que o primeiro boneco gigante a surgir no carnaval olindense foi “O Homem da Meia-Noite”, que desde então abre os festejos carnavalescos da cidade saindo de sua sede no sábado carregando a chave simbólica da cidade precisamente a meia-noite. Esse personagem foi criado em 1932, muito elegante, traja terno verde e branco, palito e cartola pretos e até um dente de ouro. O home da meia-noite reinou imponente no carnaval de Olinda até o ano de 1967, quando artesãos criaram uma companhia para o mesmo. “A Mulher do Meio-Dia”. Inspirada nos traças da Mona Lisa de Leonardo da Vinci, a mulher do meio-dia tem uma vasta cabeleira longa e negra, tendo suas vestimentas nas cores azul e branco, homenageando as orixás Iemanjá e Oxum, formando assim o tão já conhecido sincretismo religioso brasileiro. Um fato bastante curioso é que o homem da meia-noite e a mulher do meio-dia nunca se encontraram, pois devido ao horário fica impossível esse encontro, tendo em vista que a diferença entre um cortejo e outro são de 12 horas!
A partir do homem da meia-noite e da mulher do meio-dia surgem em 1974 e 1977 os respectivos “Menino e Menina da Tarde”. Porém com o passar dos anos, o pantaleão de bonecos cresce, hoje chegando há centenas, pois a cada ano são acrescentados novos personagens. Os bonecos geralmente são criados inspirados em personalidades locais como o torcedor Zé do Rádio, os cantores Chico Science, Alceu Valença e Reginaldo Rossi, os mascotes dos times e outras tantas personalidades do estado. Entretanto, os bonecos não se resumem apenas a homenagear figuras locais, também são confeccionados bonecos como apresentadores (Jô soares, Chacrinha e Luciano Huck), locutores (Galvão Bueno), atores (Chaplin), esportistas (Airton Senna, Ronaldo), políticos (Lula e Obana) e até personagens internacionais como astros do rock e revolucionários como Fidel Castro e Che Guevara.
No começo os bonecos pesavam 30 Kg, hoje com novas técnicas, os bonecos reduziram seu peso e chegam a 10 quilos, o que melhorou muito, pois a alegria e mobilidade aumentam. Na terça de carnaval, centenas de bonecos se reúnem nos largo do Guadalupe e Varadouro em Olinda, mas esses encontros ocorrem durante todos os dias carnavalescos. Mas os bonecos são se restringe a Olinda, na despedida do carnaval, os bonecos fazem um belo desfile pelas ruas do Recife antigo. No período não carnavalesco, os bonecos geralmente ficam em suas respectivas agremiações, raramente saem para apresentação extra carnaval. No Recife antigo, mas precisamente na rua do Bom Jesus, localiza-se a Embaixada dos bonecos gigantes, aberta de segunda a sábado das 8:00 as 18:00 e aos domingos das 8:00 as 19:00. No entanto se vocês não tiver tempo nem disponibilidade de ir lá pessoalmente, a embaixada tem um endereço eletrônico onde você pode conhecer a história dos bonecos e ver acesse: fotos dos eventos.
www.bonecosgigantesdeolinda.com.br